A necessidade
de construção de posto alfandegário próximo
ao fundeadouro (em frente à atual Praça XV) dos navios
mercantes estrangeiros que aportavam à Baía de Guanabara
e o entusiasmo do Imperador Pedro II pela beleza e privilegiada
situação da ilha levaram à construção
da notável edificação na já então
chamada Ilha Fiscal.
A Ilha Fiscal é conhecida pelo evento "O Último Baile do Império", realizado alguns dias antes da Proclamação da República para receber a oficialidade do Encouraçado chileno Almirante Cochrane. Esta magnífica festa fora organizada em retribuição à grande recepção dada à guarnição do Navio-Escola Almirante Barroso durante a sua passagem pelo Chile no ano anterior, quando em viagem de circunavegação.
Projetado pelo engenheiro Adolpho Del Vecchio
em estilo gótico-provençal, logo adquiriu fama o castelo,
pela novidade arquitetônica e pelo requinte de sua cantaria
e vitrais. O edifício da Ilha Fiscal foi concluído
em abril de 1889, sendo inaugurado com a presença do Imperador
D. Pedro II.
Dançou-se muito no baile da Ilha Fiscal, mas o que os convidados
não imaginavam, nem o imperador D. Pedro II, é que
se dançava sobre um vulcão. À mesma hora em
que se acendiam as luzes do palacete para receber os milhares de
convidados engalanados, os republicanos reuniam-se no Clube Militar,
presididos pelo tenente-coronel Benjamin Constant, para maquinar
a queda do Império. "Mais do que nunca, preciso sejam-me
dados plenos poderes para tirar a classe militar de um estado de
coisas incompatível com sua honra e sua dignidade", discursou
Constant na ocasião, tendo como alvo justamente o Visconde
de Ouro Preto. Longe dali, ao lado da família imperial, o
visconde desmanchava-se em sorrisos ao comandar seu suntuoso festim.
Nos alfaiates, o movimento não era menor. Os cavalheiros
acorriam em busca de suas casacas feitas especialmente para a ocasião.
Os mais ousados faziam os últimos ajustes em seus vestons
- essa extravagante indumentária recém-surgida no
mundo da moda, composta de vestes compridas e pretas com gola, inteiras
de seda. Os festeiros se apressavam também para conseguir
dar os últimos retoques no trato pessoal. As filas nos barbeiros
eram enormes, e muitos cavalheiros que desejavam apenas fazer a
barba tinham que esperar pacientemente até que se fizessem
nas melenas dos jovens, a ferro quente, as pastinhas, hoje tão
populares entre eles. "Os ministros escovavam as casacas para o
baile dos arrependido, e a Guarda Nacional narcisava ao espelho
a bizarria marcial dos seus figurinos para a batalha das contradanças",
assim definiu Rui Barbosa os preparativos. Os cabeleireiros da cidade,
estes então, trabalharam a não mais poder. Muitas
senhoras, para conseguir vaga num deles, fizeram seus penteados
de baile às 9 horas da manhã.
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