domingo, 1 de abril de 2012

passeio à Ilha Fiscal

                                                  
             A necessidade de construção de posto alfandegário próximo ao fundeadouro (em frente à atual Praça XV) dos navios mercantes estrangeiros que aportavam à Baía de Guanabara e o entusiasmo do Imperador Pedro II pela beleza e privilegiada situação da ilha levaram à construção da notável edificação na já então chamada Ilha Fiscal.

                                  A  Ilha Fiscal é conhecida pelo evento "O Último Baile do Império", realizado alguns dias antes da Proclamação da República para receber a oficialidade do Encouraçado chileno Almirante Cochrane. Esta magnífica festa fora organizada em retribuição à grande recepção dada à guarnição do Navio-Escola Almirante Barroso durante a sua passagem pelo Chile no ano anterior, quando em viagem de circunavegação.                 
                      Projetado pelo engenheiro Adolpho Del Vecchio em estilo gótico-provençal, logo adquiriu fama o castelo, pela novidade arquitetônica e pelo requinte de sua cantaria e vitrais. O edifício da Ilha Fiscal foi concluído em abril de 1889, sendo inaugurado com a presença do Imperador D. Pedro II.  

 


  Dançou-se muito no baile da Ilha Fiscal, mas o que os convidados não imaginavam, nem o imperador D. Pedro II, é que se dançava sobre um vulcão. À mesma hora em que se acendiam as luzes do palacete para receber os milhares de convidados engalanados, os republicanos reuniam-se no Clube Militar, presididos pelo tenente-coronel Benjamin Constant, para maquinar a queda do Império. "Mais do que nunca, preciso sejam-me dados plenos poderes para tirar a classe militar de um estado de coisas incompatível com sua honra e sua dignidade", discursou Constant na ocasião, tendo como alvo justamente o Visconde de Ouro Preto. Longe dali, ao lado da família imperial, o visconde desmanchava-se em sorrisos ao comandar seu suntuoso festim.

Nos alfaiates, o movimento não era menor. Os cavalheiros acorriam em busca de suas casacas feitas especialmente para a ocasião. Os mais ousados faziam os últimos ajustes em seus vestons - essa extravagante indumentária recém-surgida no mundo da moda, composta de vestes compridas e pretas com gola, inteiras de seda. Os festeiros se apressavam também para conseguir dar os últimos retoques no trato pessoal. As filas nos barbeiros eram enormes, e muitos cavalheiros que desejavam apenas fazer a barba tinham que esperar pacientemente até que se fizessem nas melenas dos jovens, a ferro quente, as pastinhas, hoje tão populares entre eles. "Os ministros escovavam as casacas para o baile dos arrependido, e a Guarda Nacional narcisava ao espelho a bizarria marcial dos seus figurinos para a batalha das contradanças", assim definiu Rui Barbosa os preparativos. Os cabeleireiros da cidade, estes então, trabalharam a não mais poder. Muitas senhoras, para conseguir vaga num deles, fizeram seus penteados de baile às 9 horas da manhã.

                                                 Família Bezerra Oliveira no passeio à Ilha Fiscal













































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